1. Na verdade, mesmo na cosmovisão budista, que postula a vacuidade da existência, o reencarnacionismo não se sustenta. Isso pois mesmo a alma privada de substância própria é dotada de identidade sendo instanciada. Então, se o argumento abordado previamente contra a reencarnação é factual, portanto, enquanto fenômeno manifesto, instanciado, a individualidade nem sequer existiria. Pois, não haveria nenhum arquétipo primordial se exprimindo e se expressando na tangibilidade e palpabilidade das formas manifestas. De fato, a individualidade seria princípio meramente abstrato, residindo num reino platônico totalmente destituído de materialização, incidência. Então isso não corresponde a seres reais sujeitos a esse processo. Portanto, persiste o argumento empregado anteriormente contra o reencarnacionismo, mas em sistema de referência peculiar. Deveras, deve haver alma primária, primitiva, do contrário o infinito regresso aniquila a possessão de identidade inerente, pois em última instância não há alma reencarnando dada a condição de almas enquanto entidades dotadas de intrinsicalidade e consolidação entitativa. Alterando o sistema de representação, deve existir uma instância fundamental e primeva, senão o infinito regresso extirpa a palpabilização, incidência, concretização da identidade inerente, e decerto em última análise há universal desprovido das manifestações particulares, ou reencarnação sem almas reencarnando. Em decorrência disso, essa consequência descredibiliza radicalmente até mesmo o reencarnacionismo budista. Como alternativa, eu sugiro a tese que preceitua conjunto de almas providas de identidade ingênita, que se replicam e reproduzem, endossando o sistema traducionista da criação das almas. Por conseguinte, a hereditariedade é o mecanismo responsável pela concepção e formação das almas, difundindo características biológicas como a posse das propriedades peculiares (constituição genética, impressão digital, etc). Em contraste com o criacionismo, que preconiza a criação "ex nihilo" das almas, o que no contexto cristão inviabiliza a própria propagação do pecado original, desde que não há vínculo causal entre as gerações. Assim, deduzimos que a hipótese reencarnacionista é absolutamente inviável, ainda mais contabilizando o crescimento geométrico e exponencial das populações no decorrer do tempo. De onde procedem as almas excedentes? Como isso preserva a identidade intrínseca das almas? Esse problema é crucial e determina categoricamente a falseabilidade do reencarnacionismo. Assim não há base racional para a tese reencarnacionista.

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  2. A princípio, estou plenamente convicto do meu argumento até que se prove o contrário. Sendo assim, na verdade o postulante da falseabilidade do meu argumento reivindica o ônus da prova, e eu, mantendo neutralidade numa esfera dialética mais ampla, incorporo o benefício da dúvida em minha firmeza particular ou subjetiva. Em virtude disso, o tal proponente da inveracidade do meu argumento individual assume a função de promotor, em contraste com a postura defensiva que intenciona somente fornecer razões plausíveis, mas não coercivas, para a justificação epistêmica. Então, nesse quadro, a única condição necessária para sustentar minha convicção é estar investido de argumentos razoáveis num domínio dialético neutro. Isso posto, não adoto o procedimento invasivo e intrusivo de despojar a outra pessoa do direito de possuir sua própria estrutura argumentativa. Pelo contrário, embora eu vise refutar a proposição da outra pessoa, não tento erradicar o direito, a legimitidade, de sua visão de mundo. Tudo se reduz à subjetividade; o indivíduo porta o direito inalienável de possuir suas convicções sem com isso transgredir o direito do próximo. No cenário da minha subjetividade, que é meu 'campo de guerra', sou efetivamente endossado pela razão, embora no contexto da subjetividade alheia tal prerrogativa se atribua à outra pessoa. Entretanto, isso não significa que não haja factualidade na minha posição, afinal, visões de mundo drasticamente distintas também seriam genuínas. Por que? Pois a ordem metafísica da realidade é distinta da ordem epistêmica. Minha cosmovisão pode ser metafisicamente factual mesmo que isso não seja epistemicamente notório e patente para outra pessoa. É fundamental não confundir metafísica com epistemologia. Nenhuma cosmovisão é, ipso facto, o estado de coisas que inviabiliza a convicção subjetiva e particular de outras pessoas. Embora em reino metafísico, numa abordagem estritamente ontológica e metafísica, a convicção pessoal da outra pessoa possa ser falsa. Que princípio arbitra ou exerce a função de mediador num contexto dialético? A razão enquanto princípio metafísico. Mesmo que não haja consenso, unanimidade, a captura epistêmica por todas as "outras" pessoas da realidade metafísica é sim possível, e ocorre com relativa frequência. Por consequência, mesmo que haja obscuridade e dubiedade num contexto mais amplo, num contexto mais restrito a pessoa está justificada epistemicamente. Em virtude disso, não há razão para martirizar teu colega meramente pela divergência de opinião, ainda que vc tenha plena convicção de seu equívoco.

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  3. Cada alma é única via procriação. Do contrário, o infinito regresso predomina, e logo a consolidação da identidade é erradicada. Então há inúmeras almas primordiais cuja identidade é irredutível, resultando em completa privação de almas para efetuar o processo de reencarnação na era futura. Nem as que supostamente procedem do espaço suprimem essa conclusão. Isso pois sem alma primordial não há realmente alma subsistente em si mesma, dotada de identidade, e essa inferência inviabiliza categoricamente o reencarnacionismo. Além disso, sem pluralidade das almas primárias, primevas, o crescimento populacional geométrico mediante procriação seria cabalmente inviável.

    Em segundo lugar, o exercício da sustentação do universo efetuada por Deus claramente não é uma obra ex nihilo. Dessarte, deve ser uma operação ex Deo, mediante emanação. As causas naturais não são meros instrumentos ad extra manipulados por Deus, senão seriam autônomas e dotadas de asseidade. Em contraste, a centelha de Deus está expressamente entranhada e radicada nos fenômenos da natureza, viabilizando o funcionamento das causas secundárias, e preservando seu caráter derivativo ou contingente. O universo não é um mero sistema mecânico no qual alguém trabalha, mas o resultado de emanação que infunde e penetra no próprio cosmo a centelha de Deus. 

    Em terceiro lugar, EQMs comunicam ou pelo menos corroboram a realidade do teísmo cristão. Isso já que a ampla difusão das tais experiências de quase morte, e indícios de sua condição sobrenatural (por exemplo, experiências extracorpóreas, incluindo a constatação de eventos nas proximidades locais, com altíssima precisão e exatidão, e o encontro com o "Ser de Luz", tudo isso em condição comatosa de profunda amnésia ou destituição da consciência, num contexto em que há morte clínica atestada e frequentemente morte cerebral). Essa forte experiência exprime um monimo de prioridade subjacente expresso na manifestação do "Ente de Luz", exercendo a função unificadora.

    Em quarto lugar, a virtual universalidade da concepção monoteísta de Deus, peculiar das mais remotas culturas ou religiões primitivas da humanidade, refletindo efetivamente a revelação de Deus veiculada mediante o cosmos e a realidade inexorável do monoteísmo primitivo. Porém, a reclusão e gradativamente crescente irrelevância religiosa do próprio Uno (no tocante às funções ordinárias do cotidiano, embora se recorra a Deus em eras de calamidade), retratada na expressão "Deus otiosus", caracterizam que o monoteísmo não está em franca ascensão, em virtude da propagação relativamente recente das obras missionárias cristãs, mas sim num patente processo de declínio e decadência. Isso demonstra que o monoteísmo predominava nos primórdios e foi se corrompendo gradualmente.

    Enfim, o alvoroço da mídia sobre as mudanças climáticas drásticas e cataclísmicas, e catástrofes sem precedentes, sugere a posse de dados pela elite, que não são divulgados para as massas, em relação à iminência do apocalipse. Alguns postulam que isso configura antecipação empreendida pela mídia para condicionar as massas à fatalidade. Isso conforme hipóteses conspiracionistas. Mas o que se pode sustentar com certeza é a proximidade de períodos similares ao apocalipse bíblico, seja decorrentes de influência negativa humana ou incidências cósmicas vindouras.

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  4. Com efeito, cada alma é única e se propaga via procriação. Do contrário, o infinito regresso predomina, e a própria consolidação da identidade individual é erradicada, culminando em fluxo que suprime as almas subsistentes em si mesmas. Dessarte, há inúmeras almas primordiais cuja identidade é irredutível, resultando em caráter supérfluo e destituído de fundamentação do modelo reencarnacionista, e em plena privação de almas para efetuar o processo crescente de reencarnação em eras futuras. Nem mesmo as almas que supostamente procedem do espaço sideral neutralizam a conclusão. Isso pois sem alma primordial não há realmente alma subsistente em si mesma e dotada de identidade, inviabilizando cabalmente o reencarnacionismo. Além do mais, sem pluralidade de almas primárias, primevas, o crescimento geométrico vertiginoso de populações mediante a procriação seria notoriamente inviável. Logo é infinitamente mais plausível postular que Deus criou o conjunto de almas que criam novas almas mediante o processo de perpetuação biológica da espécie. Por conseguinte, a existência do conjunto das almas não oriundas de procedimentos de reencarnação pregressos demonstra a requerida posse de identidade inerente e corrobora o crescimento exponencial das populações. Em virtude disso, a hipótese da reencarnação carece de bases racionais. A preservação do universo deve ser concebida como infusão e inoculação da centelha de Deus no próprio cosmos. Evidentemente não é uma obra ex nihilo, mas criação ex Deo, operação efetuada mediante emanação. Isso porque criação do nada, definida como mutuamente exclusiva, não constitui o ato incessante, ininterrupto, mas configura obra imediata e irreplicável. Mas se o cosmos é conservado sem matéria prima física, isso inviabiliza a necessidade da creatio "ex nihilo" como procedimento mutuamente exclusivo da concepção primária do cosmo. Isso estabelece que uma combinação de criação do nada e emanação de Deus é o único mecanismo racionalmente consistente. O cosmo não é sistema manipulado exteriormente, logo forçosamente deve emanar, e se o cosmo emana e decorre de fonte ulterior, logo a hipótese inconcebível e inexata de que o cosmos surge exclusivamente ex nihilo é refutada categoricamente. Como então compatibilizar creatio ex Deo e creatio ex nihilo? Empregando uma ilustração eficaz, água que se rompe de represa provém da represa (creatio ex Deo), mas atinge as áreas em que outrora não havia nenhuma água (creatio 'ex nihilo'). Isso harmoniza esses modelos cosmológicos pois os sintetiza congruentemente.

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  5. O autor do vídeo elaborou um argumento intrincado visando demonstrar que nada realmente existe para justificar o ateísmo. No meu entendimento, o modelo do niilismo ontológico carece totalmente de base racional. A princípio, a concepção não substancial de existência é admissível, conforme enunciada pela filosofia oriental budista. Porém a hipótese de que o "nada radical" seja estado de coisas atualizável é inviável. Isso pois o requisito fundamental de que o 'nada' seja o estado de coisas atualizável resulta na conclusão inexorável de que o nada, contraditoriamente, incorpora a potencialidade e atualidade peculiares da própria existência em si. Nem o princípio da economia, nem ainda corroboração empirica podem alterar essa realidade clara e transparente. Na realidade, o monismo exerce a função de simplicidade irredutível, erradicando qualquer complexidade, e a necessidade de se recorrer ao niilismo. O Uno é efetivamente indiferenciado, não constituído por elementos discretos. Dado isso, é ratificado pela navalha de Ockam, ou princípio da parcimônia. A regressão infinita dos estratos ontológicos, que supostamente refutaria o fundacionalismo e seria corroborada pelo empreendimento científico, é plenamente implausível. Isso porque, com base no princípio enunciado previamente, preceituando a impossibilidade do nada configurar um estado de coisas atualizável, então deve haver uma camada entitativa primordial que atualize o estado de coisas, em detrimento de processo indefinido que seja equiparável ontologicamente ao nada metafísico. Enfim, o raciocínio empregado para estabelecer a existência da alma repercute na consolidação do livre arbítrio. Desde que as funções vitais colapsam anteriormente à desintegração da estrutura física desde a escala subatômica, portanto deve haver uma substância incorpórea responsável pelo exercimento das funções vitais do corpo físico. Senão, a referida falência das funções vitais seria simultânea e concomitante à dissolução estrutural do corpo físico. Isso, por sua vez, resulta na asserção de que o espírito é funcionalmente primordial, e precede o corpo no tocante à operação das funções bioquímicas. Sendo assim, o corpo é manipulado pelo espírito, invés de determinar causativamente os fenômenos relacionados à conduta humana. Sendo irredutivelmente simples, visto que não ostenta constituição física, portanto a alma não é regulada por processos operacionalmente anteriores, mas é autodeterminada. Isso, claro, no contexto molinista, em que Deus preordena todos os eventos mediante Seu conhecimento médio, o conhecimento dos contrafactuais.

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  6. Elaboro uma concepção diferente de "milagre". Em vez de constituir violação e transgressão das leis, milagre é um evento natural estatisticamente raro, mas que num conjunto mais abrangente de eventos expressa regularidade e frequência, endossando o entendimento de que leis físicas se caracterizam fundamentalmente por periodicidade. No entanto, não abordo uma distribuição meramente simétrica dos milagres, que ocorreriam meticulosamente na mesma ordem, mas mera distribuição probabilística. Como ilustração, em vez do milagre ocorrer e posteriormente ocorrerem 99 eventos convencionais, há uma probabilidade de 1% do milagre ocorrer dados 100 eventos globais. Isso significa que a ocorrência de inúmeros milagres num mesmo contexto histórico é viável e plausível, contanto que preserve a distribuição estatística global. Contudo, milagres não são, por definição, obras sobrenaturais? Não necessariamente. Não há princípio que compulsoriamente forçe que milagres sejam definidos como obras diretas de Deus, em contraste com atos indiretos que reflitam a preordenação decretiva dos eventos desde a eternidade por Deus. Eu defino o decreto divino em contexto molinista, não calvinista. Deus não é o único agente do universo, mas decretou em compatibilidade com o livre arbítrio humano ou angelical. Isso fundamentado no "conhecimento médio" ou o "conhecimento dos contrafactuais". Basicamente, Deus conhece o livre procedimento dos indivíduos perante qualquer configuração de eventos, e isso possui prioridade lógica sobre o decreto, direcionando o próprio. Nesse caso, milagres podem ser concebidos como obras indiretas de Deus, mediante causas secundárias naturais. Sobre a indiscernibilidade dos milagres, é refutada com base na distribuição estatística e probabilística do mesmo. Um exame minucioso revelaria efetivamente a periodicidade regular exata do milagre, falseando o mesmo milagre dos eventos ordinários convencionais. Não é necessário estipular que milagres exprimem contravenções da ordem natural, mas somente que retratam eventos naturais excepcionais, concretizados por Deus, mas mediante causas secundárias naturais. Contanto que Deus persista com a prerrogativa exclusiva de Causa Primeira, mantendo essa peculiaridade, a designação dos milagres como meros eventos naturais regulados pela física não contraria a razão em nenhum aspecto. Logo tal postulado metafísico é absolutamente razoável, e a conjugação de diversos milagres no mesmo contexto gera seu caráter numinoso. Assim se deduz que Deus manipula as leis físicas mas não as viola.

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  7. O nominalismo mereológico radical, na esfera física, não se sustenta baseado num raciocínio indutivo rudimentar. Os átomos de hidrogênio, por exemplo, constituem categoria universal, sendo dotados por inúmeros particulares caracterizando essencialmente o elemento hidrogênio. E assim em diante, culminando nas supostas denominadas "partículas elementares". Porém, a subestrutura das supostas partículas elementares carrega incerteza, pois pode retratar universal composto por múltiplos particulares. Exemplificando o cenário, a "teoria das cordas" postula que os elementos fundamentais do universo são meras cordas unidimensionais, que incorporariam ou personificariam a condição fundamental das partículas elementares. Mediante limitação metodológica, operacional, experimental, epistêmica e cognitiva do homem, esse processo pode se prolongar indefinidamente. No entanto, o universalismo também carece de base racional, pela mesma razão, contudo em ordem inversa. Como ilustração, o universo pode em tese configurar a instanciação particular ou individual de multiverso mais abrangente, e assim sucessivamente. Em segundo lugar, o imanifesto e a manifestação plena são equiparáveis. Logo o Pai oculto se exterioriza no Filho, que é a irradiação plena do Pai. Então transcendência e imanência são conciliadas, e a predicação de propriedades a Deus, o próprio Uno Absoluto, é notoriamente compatível com a indiferenciação ontológica. Isso complementa a inferência da distinção modal no Uno em contraste com a distinção de substância no espaço-tempo. Finalmente, o ocultismo, o secularismo, e o neopaganismo, conflitam drasticamente com a tradição judaico-cristã no tocante ao sistema de moralidade. Essa tradição é claramente a cosmovisão mais abominada e execrada por tais segmentos. É possível contestar que isso ocorre unicamente porque o Cristianismo é a religião mais difundida e professada no planeta inteiro. Entretanto, a postura mais apropriada e congruente diante de uma visão de mundo notoriamente falsa é a apatia. Assim dicotomizar a cultura cristã em influência sócio-cultural e arcabouço teológico-filosófico é a única conduta equilibrada ou racionalmente equânime. Dessarte, demonizar o legado teológico-filosófico, e militar contra o mesmo, é uma atitude totalmente incongruente com a realidade patente de que tão somente a dimensão política e sócio-cultural do paradigma judaico-cristão impacta a conduta moral e civil das pessoas. O que motiva a ojeriza ao modelo judaico-cristão é o desejo de entronizar o ego por usurpar e erradicar a autoridade do Supremo.

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  8. Como o ateísmo pode demonstrar cabalmente, ou no mínimo plausivelmente, a inexistência de Deus? A princípio, Deus (com base na concepção genérica de Deus), pode ser absolutamente remoto e transcendente, plenamente recluso, sem interagir com o cosmo. Nesse contexto, não há nem evidência fragmentária, mas sim plena escassez. Em vez da linguagem analógica ou da linguagem unívoca retratarem Deus, a linguagem equívoca seria empregada, caracterizando Deus como "o totalmente outro". Em consequência, o ateísmo e uma forma de deísmo radical são, prima facie, efetivamente infalseáveis. Em contraste, o teísmo postula categoricamente um Deus intervencionista, que opera diretamente no cosmo e infundiu indícios e vestígios de Sua existência em sua estrutura. Logo o teísmo é refutável, falseável, porquanto argumenta que Deus se manifestou na ordem natural do cosmo. Nesse cenário, a transcendência e remoticidade de Deus o divorciam completamente de manifestações sensoriais, físicas e espaço-temporais da realidade. Portanto tais variáveis não funcionam como o fundamento epistêmico do próprio ateísmo, nem viabilizam os meios de falsear essa corrente filosófica do 'deísmo radical'. Em paralelo, Deus é transcendente, e da equivocidade inerente à essa condição decorre um núcleo unívoco de atributos e propriedades. Sendo assim, a equivocidade exprime ambiguidade e abrange as características de pessoalidade, aseidade, atemporalidade, e os superlativos onipotência, onipresença, e onisciência. Contudo, a univocidade exprime clareza, exatidão, em relação aos atributos detentores de um quantum inferior de magnitude, abrangendo o ente ilimitado pelo espaço-tempo e pela matéria-energia. Com efeito, ao empregar matéria-energia como causa instrumental em contraste com causa eficiente, esse ente é investido do poder de manipular o cosmo, e é munido da capacidade de operar em múltiplos lugares simultaneamente sem qualquer restrição temporal, sendo infragmentável e perpétuo. Inferimos, portanto, que o teísmo é falseável do ateísmo. Concluindo, o agnosticismo é infalseável do ateísmo, mas o teísmo é falseável do agnosticismo. Isso porque o agnosticismo está radicado na dialética, na dicotomia, e no dualismo Deus/cosmos. A única alternativa à esse obstáculo supostamente intransponível e insuperável é o monismo. Do contrário impera o bloco quadridimensional em incomunicabilidade com Deus. O agnosticismo, a postura presumivelmente neutra, se entranha nessa dualidade. Então o monismo de prioridade, e o monoteísmo, persistem com total exclusividade.

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  9. Críticos da fé cristã, normalmente adeptos das religiões New Age ou religiões orientais tradicionais, afirmam que as EQMs contradizem o Cristianismo em diversos aspectos. Minha intenção, é refutar essa concepção equivocada. É importante ressaltar que o texto não aborda ocorrências raríssimas, mas apenas os elementos mais frequentes.

    A hipótese de que o "Ser de Luz" não condena mas aceita a todos, de maneira totalmente contrária às Escrituras, é inexata porque omite o fato de que as EQMs são experiências de quase morte, não configurando portanto a morte definitiva. Em muitos casos, uma barreira ou fronteira designa o ponto sem retorno, e as pessoas que passam por essa experiência, ou a própria Luz, determinam que a hora de cruzar esse limite ainda não ocorreu. Isso indica que Deus não precisa aplicar Sua justiça pois o Juízo Final ainda não aconteceu. Deus pode, misericordiosamente, atrair a pessoa com sua beleza inescrutável, e mediante recapitulação objetivar que a mesma pessoa se arrependa. Além disso, nem todas as "experiências de quase morte" são positivas ou transcorrem no paraíso. Algumas demonstram um lugar de tormento consciente. Por consequência, se infere que esse fenômeno jamais contradiz o Cristianismo.

    Em segundo lugar, a experiência de se fundir com a totalidade e experimentar sensação de plenitude não equivale à proposição de que as religiões orientais estão certas e que nós somos integrados ao todo, justificando, portanto, o panteísmo. Tal experiência se equipara ao monismo de prioridade, invés de endossar o monismo de substância. O monismo de prioridade afirma que o Uno é o fundamento da realidade, o núcleo de onde a diversidade emana e se origina. Cada indivíduo, não importando a sua capacidade de conter a Deus, é preenchido totalmente por Deus. Ilustrando, um copo pequeno cheio é tão pleno quanto o copo grande cheio, experimentando plenitude e unidade. Porém, tal completude só é possibilitada pelo Uno ser o alicerce da realidade, a fonte de onde a realidade procede. Do contrário não existe o suprimento inesgotável de ser que abasteceria a completude da pessoa pela eternidade.

    Em terceiro lugar, as experiências do encontro com figuras religiosas diversas, além de Jesus Cristo, não refutam a singularidade de Cristo. Objetivamente, é Cristo quem efetua a salvação, embora subjetivamente Ele se manifeste de inúmeras formas, se encarnando em diversos "avatares" mediante os quais Jesus opera. Isso acontece, não em razão de alguma virtude inerente a tais figuras, mas sim a despeito do demérito de tais figuras. Jesus é o caminho, a verdade e a vida, mas Ele se revela de acordo com o conhecimento disponível de Si mesmo na criação e no senso de responsabilidade moral. Claro, em última análise, o fato do indivíduo não ter experimentado a morte definitiva harmoniza esse argumento com a doutrina cristã da singularidade de Jesus Cristo. Portanto, desde que o caráter e os atributos básicos de Cristo sejam preservados, isso manifestamente não contradiz as doutrinas do Cristianismo.

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  10. A tensão crucial entre soberania e onibenevolência, entre o decreto e responsabilidade, não pode ser solucionada com base em nenhum dos dois extremos radicais. Logo é necessário um modelo que compatibilize essa dicotomia, e o molinismo, embora seja um princípio hermenêutico, não uma escola soteriológica, exerce essa função. De fato, Deus decretou os atos livres mediante seu "conhecimento médio", preservando o livre arbítrio dos agentes morais. O conhecimento médio é o conhecimento dos contrafactuais, ou o procedimento dos agentes morais em qualquer mundo atualizável, equacionando o resultado da interação entre os agentes morais livres e qualquer configuração atualizável de eventos. Esse conhecimento requer que Deus perscrute o âmago de cada agente moral escrutinado. Creio igualmente no conceito da condenação transmundana, e que os ímpios escolheriam livremente a iniquidade em qualquer mundo possível. O inferno é para os 'endurecidos de coração', para os impenitentes, os irreformáveis e irrecuperáveis. O inferno está destinado para quem comete o "pecado para morte" narrado pelo apóstolo João, e o anjo advertiu que os padrões de comportamento se tornam irreversíveis (Apocalipse 22:11). Dessa forma, não há arbitrariedade divina. Sobre os textos preceituando o extermínio das nações cananéias, foram incidentes isolados cuja finalidade era preservar a nação de Israel, a qual seria o canal mediante o qual Deus se encarnaria em Cristo e efetuaria a salvação. Atualmente o que importa para os cristãos são os preceitos morais de Cristo e dos apóstolos. Esses preceitos essencialmente enfatizam virtudes morais como o amor, altruísmo, bondade, etc. Ressaltando que esse modus operandi temporário não implica em perdição eterna para os infantes, mas implica sim em resgatá-los do ambiente perverso no qual residiam para a habitação da glória eterna de Deus. Mas, esse argumento é distinto da tese de Swinburne. Isso porque, em vez de meramente preservar Israel, esse postulado focaliza a finalidade de preservar a semente do Messias. Raciocinar como se expulsar e aniquilar fossem coisas mutuamente excludentes é equivocado. Dessarte, no exercício da função de instrumento do juizo divino, a intenção primordial era que Israel erradicasse esses povos abomináveis do planeta (por exemplo, conforme registrado em Deuteronômio capítulo 7). Contudo, se eles fugissem e abandonassem a terra a ordem era permitir sua fuga. Por consequência, a ordenança para executar os povos cananeus é plenamente compatível com a ordenança para expulsá-los da Terra Prometida.

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